Sem estatísticas oficiais, os ciclistas criaram uma forma própria de computar as ocorrências. O carioca Pedro Cury, 30, é o responsável pelo Cadastro Nacional de Bicicletas Roubadas, disponível no site http://www.bicicletasroubadas.com.br/ .
No endereço, a vítima registra o fato, posta fotos da bicicleta e descreve a abordagem. As informações ficam disponíveis na rede e são encaminhadas a bicicletarias.
Em um caso, quando o ladrão tentou repassar a bicicleta para uma loja, o dono reconheceu a peça. "Mas recuperar as bikes não é o único objetivo. Queremos saber as áreas e situações de risco, o comportamento dos ladrões e gerar estatísticas", diz Cury.
Já existem pistas sobre as estratégias de quem rouba. Além da tentativa de vender o objeto às bicicletarias, um dos destinos das bicicletas são as feiras do rolo. Apesar de a prática ser ilegal, esse comércio de produtos usados existe em vários pontos da cidade. No domingo passado, numa feira ao lado do terminal de São Mateus (zona leste), a Gallo com suspensão de 120 mm, que na loja custa R$ 1.000, era vendida por R$ 400.
Na região do Brás, também havia peças de origem suspeita. A Kona 27 marchas com freio hidráulico, que custa R$ 3.300, era vendida a R$ 1.200. Para estimular a compra, o vendedor dizia que o preço de mercado é R$ 5.800. Quem se arrisca a comprar uma bicicleta sem nota fiscal pode responder pelo crime de receptação. A pena é de um a quatro anos de reclusão, mais multa.
Na feira do Brás, o ciclista Joselito Oliveira, que acompanhou a reportagem, reconheceu um ambulante que chegou a participar de um dos pedais (como são chamados os grupos que pedalam juntos). Segundo Oliveira, pode ser que eles se infiltrem no grupo para conhecer os participantes e seus hábitos.
Uma mostra de que alguns ladrões conhecem o ramo foi o que aconteceu na loja Dragon Bike, na Pompeia, arrombada duas vezes. Foram levadas apenas as melhores bicicletas. "Eles passaram por cima das da vitrine, que são mais baratas, e levaram todas as de R$ 3.000 para cima. Eles vêm de dia, perguntam o preço e já olham tudo", diz o proprietário, Fernando Fonseca, 42.
O lojista diz que a bicicletaria na rua vizinha também foi assaltada recentemente. "Quase todas as que conheço já foram roubadas."
Segundo ele, quando isso acontece, o proprietário envia um e-mail para vários outros do mesmo ramo com a relação dos itens levados. Evita-se, assim, que os ladrões consigam vendê-los no comércio como se fossem peças de segunda mão.
Outras precauções que algumas lojas tomam é pedir a nota fiscal para quem quer vender a bicicleta, além de pagar só com mercadorias --isso atrai o cliente que deseja trocar sua bicicleta por outra mais cara e afugenta os ladrões.
Parques
Além da USP, os parques municipais também estão na lista de lugares visados. Em 2009, foram registrados 31 furtos no Ibirapuera e a Secretaria de Segurança Urbana quer instalar câmeras no local.
Patricia Stavis/Folhapress
A administradora Paula Cadette (dir.) e sua filha Camila (esq.) foram abordadas por ladrões e tiveram as bicic
letas roubadas
Também há casos no parque Villa-Lobos, na zona oeste da cidade. A administradora Paula Cadette, 42, nunca imaginou que pudesse ser assaltada lá dentro num domingo de manhã --mas foi o que aconteceu, há um mês. Ela estava com os filhos de 13 e 14 anos no estacionamento quando foi abordada por três homens. Sua filha, que reagiu instintivamente, levou um murro. Os ladrões fugiram pedalando nas bicicletas, que custavam R$ 3.000 cada uma.
"Elas eram novas, equipadas. Eles viram que era coisa boa", diz Paula. "Fico triste porque é um esporte tão gostoso. O parque estava lotado e eu estava tranquila, sem proteção nenhuma."
Outro local que se tornou alvo é um trecho da rodovia Imigrantes, depois do núcleo Itutinga Pilões do Parque Estadual da Serra do Mar. Há duas semanas, o personal trainer Fábio Campos, 42, pedalava na região com quatro amigos quando o pneu de uma das ciclistas furou --a hipótese é que os bandidos deixem pregos no local com esse objetivo.
Os ladrões chegaram armados e levaram a bicicleta dele e a de um amigo em direção à Vila Natal, bairro na periferia de Cubatão. "Parece que eles já estavam esperando. Lá passa muito ciclista", diz Fábio.
Texto: FLÁVIA MANTOVANI /OCIMARA BALMANT
Data: 09/08/2010 - 10h18
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/
No endereço, a vítima registra o fato, posta fotos da bicicleta e descreve a abordagem. As informações ficam disponíveis na rede e são encaminhadas a bicicletarias.
Em um caso, quando o ladrão tentou repassar a bicicleta para uma loja, o dono reconheceu a peça. "Mas recuperar as bikes não é o único objetivo. Queremos saber as áreas e situações de risco, o comportamento dos ladrões e gerar estatísticas", diz Cury.
Já existem pistas sobre as estratégias de quem rouba. Além da tentativa de vender o objeto às bicicletarias, um dos destinos das bicicletas são as feiras do rolo. Apesar de a prática ser ilegal, esse comércio de produtos usados existe em vários pontos da cidade. No domingo passado, numa feira ao lado do terminal de São Mateus (zona leste), a Gallo com suspensão de 120 mm, que na loja custa R$ 1.000, era vendida por R$ 400.
Na região do Brás, também havia peças de origem suspeita. A Kona 27 marchas com freio hidráulico, que custa R$ 3.300, era vendida a R$ 1.200. Para estimular a compra, o vendedor dizia que o preço de mercado é R$ 5.800. Quem se arrisca a comprar uma bicicleta sem nota fiscal pode responder pelo crime de receptação. A pena é de um a quatro anos de reclusão, mais multa.
Na feira do Brás, o ciclista Joselito Oliveira, que acompanhou a reportagem, reconheceu um ambulante que chegou a participar de um dos pedais (como são chamados os grupos que pedalam juntos). Segundo Oliveira, pode ser que eles se infiltrem no grupo para conhecer os participantes e seus hábitos.
Uma mostra de que alguns ladrões conhecem o ramo foi o que aconteceu na loja Dragon Bike, na Pompeia, arrombada duas vezes. Foram levadas apenas as melhores bicicletas. "Eles passaram por cima das da vitrine, que são mais baratas, e levaram todas as de R$ 3.000 para cima. Eles vêm de dia, perguntam o preço e já olham tudo", diz o proprietário, Fernando Fonseca, 42.
O lojista diz que a bicicletaria na rua vizinha também foi assaltada recentemente. "Quase todas as que conheço já foram roubadas."
Segundo ele, quando isso acontece, o proprietário envia um e-mail para vários outros do mesmo ramo com a relação dos itens levados. Evita-se, assim, que os ladrões consigam vendê-los no comércio como se fossem peças de segunda mão.
Outras precauções que algumas lojas tomam é pedir a nota fiscal para quem quer vender a bicicleta, além de pagar só com mercadorias --isso atrai o cliente que deseja trocar sua bicicleta por outra mais cara e afugenta os ladrões.
Parques
Além da USP, os parques municipais também estão na lista de lugares visados. Em 2009, foram registrados 31 furtos no Ibirapuera e a Secretaria de Segurança Urbana quer instalar câmeras no local.
Patricia Stavis/Folhapress
A administradora Paula Cadette (dir.) e sua filha Camila (esq.) foram abordadas por ladrões e tiveram as bicic

Também há casos no parque Villa-Lobos, na zona oeste da cidade. A administradora Paula Cadette, 42, nunca imaginou que pudesse ser assaltada lá dentro num domingo de manhã --mas foi o que aconteceu, há um mês. Ela estava com os filhos de 13 e 14 anos no estacionamento quando foi abordada por três homens. Sua filha, que reagiu instintivamente, levou um murro. Os ladrões fugiram pedalando nas bicicletas, que custavam R$ 3.000 cada uma.
"Elas eram novas, equipadas. Eles viram que era coisa boa", diz Paula. "Fico triste porque é um esporte tão gostoso. O parque estava lotado e eu estava tranquila, sem proteção nenhuma."
Outro local que se tornou alvo é um trecho da rodovia Imigrantes, depois do núcleo Itutinga Pilões do Parque Estadual da Serra do Mar. Há duas semanas, o personal trainer Fábio Campos, 42, pedalava na região com quatro amigos quando o pneu de uma das ciclistas furou --a hipótese é que os bandidos deixem pregos no local com esse objetivo.
Os ladrões chegaram armados e levaram a bicicleta dele e a de um amigo em direção à Vila Natal, bairro na periferia de Cubatão. "Parece que eles já estavam esperando. Lá passa muito ciclista", diz Fábio.
Texto: FLÁVIA MANTOVANI /OCIMARA BALMANT
Data: 09/08/2010 - 10h18
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/
Foto: Patricia Stavis/Folhapress
Fonte: Revista Folha de São Paulo - 08 a 14 de agosto de 2010
Republicado em: 17/09/2010 - hora:21:59
Fonte: Revista Folha de São Paulo - 08 a 14 de agosto de 2010
Republicado em: 17/09/2010 - hora:21:59
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